EMBARAÇOS:

O sentido dos embaraços: quando temos um projeto para a psicologia, como ciência e profissão, marcado pelo compromisso com a defesa da democracia e da construção de uma sociedade com condições dignas de vida para todos, sabemos que teremos que enfrentar desafios. Estes desafios estão aqui pensados como embaraços e as tarefas, que estão no tema do nosso simpósio, são ações, no âmbito da psicologia, que indicam a superação destes embaraços.  
 

Os grupos de trabalho, onde serão apresentados os trabalhos inscritos e realizadas as discussões, apontando contribuições para o enfrentamento dos embaraços e para as tarefas da psicologia para a democracia no Brasil, serão organizados a partir dos aspectos indicados na inscrição (temas, processos e natureza dos trabalhos).  
 

OS EMBARAÇOS QUE ENFRENTAREMOS NO IV SIMPÓSIO SÃO:

1)    O embaraço da caracterização e produção de sujeitos democráticos
 

A Psicologia tem inúmeras formulações sobre os sujeitos e o que os constitui. Desse lugar, muitas vezes a Psicologia falou de sujeitos abstratos e contribuiu para classificar os sujeitos válidos de maneira segregadora e discriminadora, terminando por colaborar para excluí-los dos espaços de participação social, dos espaços de acesso a bens, serviços e direitos. A superação deste embaraço nos coloca a necessidade de compreendermos quem são e como se constituem os sujeitos democráticos. 
 

2)    O embaraço do enfrentamento psico-político de questões socais graves como o racismo e a fome.
 

A Psicologia é área de conhecimento e intervenção que considera os problemas sociais e a possibilidade de que suas produções sejam úteis para sua superação. Entretanto, em sua história como ciência e profissão predominam concepções que afastam a perspectiva política dessa compreensão. Esse esvaziamento da dimensão política do conhecimento e da intervenção favorece posições, desde a Psicologia, insuficientes para atender as demandas reais que são de compreensão aprofundada da produção de subjetividades e da possibilidade de intervir sobre elas, quando diante de questões sociais graves. 

3)    O embaraço da elucidação dos mecanismos de manipulação política que produzem sofrimento mental.
 

A Psicologia já apontou de várias maneiras as diversas formas de manipulação das subjetividades. Todavia, nestes tempos em que a mediação das relações sociais pela tecnologia ganha características inusitadas, a reflexão sobre os mecanismos de manipulação requer mais atenção e novas compreensões. Se aumentam as possibilidades de comunicação, resolução de problemas e melhoria da vida, por um lado, por outro, incidem sobre as subjetividades de maneira velada. Em uma sociedade desigual, os poderosos mecanismos de manipulação atuam nessa direção e causam sofrimento mental. 

O Simpósio contará com conferências que contribuirão para ampliarmos nossa compreensão destes embaraços e das metas que estão implicadas neles.